A praça Djemaa el-Fna é o centro de toda a actividade em Marraquexe e o ex libris da cidade. O seu nome significa "Assembleia dos mortos" pois até ao século XIX, os criminosos eram ali decapitados e as suas cabeças expostas nos portões da cidade, para servirem de exemplo...
Porém, Djemaa também significa mesquita e o nome da praça poderá também ser traduzido como "lugar da mesquita desaparecida", como referência a uma mesquita almorávida que terá sido destruída.
Havia ainda algumas pequenas bancas montadas no chão, debaixo de guarda-sóis, onde se vendia plantas medicinais, chás, doces, etc.
A praça tem várias portas que dão para as estreitas ruas da medina e nos levam atá aos imensos souks, os famosos mercados marroquinos. Entrámos por uma dessas portas e fomos descobrir a cidade.
Quando, ao final da tarde, voltámos à praça ficámos quase boquiabertos. A praça estava repleta de gente e completamente transformada:
Encantadores de serpentes
Vendedores de tudo e mais alguma coisa
Numa parte da praça, ao final da tarde, dezenas de restaurantes (estavam todos numerados e cheguei a ver números 130 e tal) são transportados, diariamente, em carroças. Ao longe vê-se o fumo e sente-se o aroma da comida feita na hora.

O final da refeição foi triste e fez-nos reflectir, pois tomámos contacto directo com a miséria de Marraquexe. Mal acabámos de comer, um miúdo com uns 5 anos pegou no resto do pão e numa metade de linguado e começou a comer. Ainda nos estávamos a levantar e um idoso colocou todos os restos misturados dentro de um saco de plástico...
Estamos habituados a conviver com pessoas que pedem dinheiro na rua, mas em Marraquexe pede-se comida, mesmo. Um bocado de pão, uns restos de batatas fritas ou qualquer coisa que permita aconchegar o estômago e tomar, provavelmente, a única refeição do dia...