Os souks de Marraquexe

Os souks de Marraquexe são considerados os mais exóticos e fascinantes do Magrebe. Tal como noutras cidades de Marrocos, são organizados segundo o tipo de produtos que comercializam, estando dispostos pelas ruas estreitas da Medina. São locais sempre muito movimentados, e embora sejam pedonais, há que ter muita atenção a motorizadas e bicicletas que por lá circulam... O local ideal para começar uma visita aos souks é a Praça Djemaa el-Fna e a direção ideal a tomar é qualquer uma. Isso mesmo, é ir à deriva, nas calmas, apreciando cada cantinho e cada loja, convivendo com o assédio dos comerciantes, regatear os preços, comprar coisas e disfrutar das cores e cheiros. Ao virar de cada esquina, um souk diferente:
- O souk Addadine: artigos de bronze e cobre
- O souk Chouari: artigos de cestaria, feitos
em fibras de palmeira, e de madeira:
- O souk dos tintureiros: peles de lã e seda tingidas:
- O souk Zrabia: milhares de tapetes
Vêem-se ainda diversas mercearias...

...e uma mistura de lojinhas que vendem de tudo um pouco:

roupas e sapatilhas de marcas bem conhecidas, malas,
bijuterias, brinquedos, etc.
Para além das diversas lojas nas estreitas ruas e pequenas praças dos souks, muitos comerciantes montam a sua própria banca numas caixas de madeira, numa carroça ou mesmo no chão, vendendo, normalmente, frutas e legumes:

Um enorme labirinto... a sorte é que o guia da American Express até tem um mapa dos souks!

Muralhas e portas monumentais

Marraquexe foi fundada pelo sultão almorávida Yussef ben Tachfin, em 1062, e desde essa altura foi defendida por robustas muralhas com fortalezas, que foram prolongadas para sul pelos Almóadas e para norte pelos Sádidas. As muralhas cercam a medina na sua totalidade, limitando os bairros Gueliz e Hivernage. Têm 19 quilómetros de comprimento, 2 metros de espessura e e até 9 metros de altura.
As portas são, na sua maioria, monumentais! Um belo exemplo da arquitectura mourisca é a Bab Agnou, "carneiro negro sem chifres", uma das portas mais majestosas e bonitas de Marraquexe, em pedra esculpida de tons vermelho e de azul acinzentado. A fachada tem camadas alternadas de pedra e de tijolo, rodeando um arco em ferradura. Outra característica da arquitectura almóada são os motivos florais nos cantos e o friso com escrita cúfica que orlam o arco. Esta porta assinalava a entrada principal para o palácio almóada.

(Clicar na foto para ver os pormenores)

Palácio el-Badi

Saímos da Praça Djemaa el-Fna por uma das portas e dirigimo-nos ao Palácio el-Badi, que ficava ali a umas centenas de metros. Este sumptuoso palácio, denominado "o incomparável" (também um dos 99 nomes de Alá), foi mandado construir por Ahmed el-Mansour, como forma de consolidar o seu poder e anular a memória das anteriores dinastias. O Palácio era constituído por 360 salas faustosamente ornamentadas com mármore italiano, granito irlandês, ónix indiano e cobertas de folhas de ouro, o que terá valido a Ahmed el-Mansour o cognome de “o Dourado”.
Depois de derrotar os Portugueses na Batalha dos Três Reis, a 4 de Agosto de 1578, o sultão ordenou a construção deste palácio, perto dos seus aposentos, que seria utilizado para recepções e audiências com embaixadas estrangeiras. A sua construção foi financiada pelos Portugueses vencidos na Batalha e prolongou-se atá à morte do sultão, em 1603. Hoje em dia, o palácio está despojado de toda a riqueza que fez dele uma das maravilhas do mundo muçulmano, pois em 1683, o mulei Ismail demoliu-o e usou os seus ricos materiais para decorar a sua própria cidade imperial, Meknès.
As coberturas faustosas desapareceram por completo, restam as paredes de adobe e alguns, muito poucos, azulejos... Do andar superior do palácio temos uma vista panorâmica sobre a medina de Marraquexe.
Quem se delicia com a sua vista são as dezenas de cegonhas que nele nidificaram e acabam por dar alguma vida e beleza ao local.