A praça Djemaa el-Fna

A praça Djemaa el-Fna é o centro de toda a actividade em Marraquexe e o ex libris da cidade. O seu nome significa "Assembleia dos mortos" pois até ao século XIX, os criminosos eram ali decapitados e as suas cabeças expostas nos portões da cidade, para servirem de exemplo... Porém, Djemaa também significa mesquita e o nome da praça poderá também ser traduzido como "lugar da mesquita desaparecida", como referência a uma mesquita almorávida que terá sido destruída.
Chegámos à praça e ficámos deslumbrados com a sua imensidão. Já havia um movimento bastante considerável, pessoas que a atravessavam, turistas que passeavam e, claro, comerciantes marroquinos. Dezenas de bancas (que eram, na realidade, carroças que para ali eram levadas todos os dias) vendiam, essencialmente, frutos secos e sumo de laranja natural. Apesar de estarmos em finais de Maio e de ainda ser de manhã, a temperatura já ía muito além dos 30 graus e nada melhor que um suminho de laranja bem fresquinho para complementar o pequeno-almoço que já tínhamos tomado no bar do parque de campismo.
Havia ainda algumas pequenas bancas montadas no chão, debaixo de guarda-sóis, onde se vendia plantas medicinais, chás, doces, etc.
A praça tem várias portas que dão para as estreitas ruas da medina e nos levam atá aos imensos souks, os famosos mercados marroquinos. Entrámos por uma dessas portas e fomos descobrir a cidade.
Quando, ao final da tarde, voltámos à praça ficámos quase boquiabertos. A praça estava repleta de gente e completamente transformada:
Encantadores de serpentes
Haja coragem! :) eu não a tive...
Músicos
Malabaristas Os famosos aguadeiros, que há séculos vendiam água fresca sob o calor desértico

Vendedores de tudo e mais alguma coisa

E ainda contadores de histórias, bailarinos, artistas, videntes, entre outros que animam, diariamente, os muitos turistas que visitam Marraquexe. Uma mistura de cores, sons e cheiros indescritível!
Numa parte da praça, ao final da tarde, dezenas de restaurantes (estavam todos numerados e cheguei a ver números 130 e tal) são transportados, diariamente, em carroças. Ao longe vê-se o fumo e sente-se o aroma da comida feita na hora.
Nós comemos no nº1, da Aicha, que foi uma sugestão do excelente blog do João Leitão, que é um guia pormenorizado de Marrocos: marrocos.wordpress.com E não nos deixou nada mal, comemos linguado frito com batatas fritas, pão, azeitonas e legumes com um molho de tomate um pouco picante...
O final da refeição foi triste e fez-nos reflectir, pois tomámos contacto directo com a miséria de Marraquexe. Mal acabámos de comer, um miúdo com uns 5 anos pegou no resto do pão e numa metade de linguado e começou a comer. Ainda nos estávamos a levantar e um idoso colocou todos os restos misturados dentro de um saco de plástico... Estamos habituados a conviver com pessoas que pedem dinheiro na rua, mas em Marraquexe pede-se comida, mesmo. Um bocado de pão, uns restos de batatas fritas ou qualquer coisa que permita aconchegar o estômago e tomar, provavelmente, a única refeição do dia...

1 comentário:

Anónimo disse...

e agora? Chegámos ao fim? Já não há mais? Ando a ler isto até Marraquexe e acaba aqui? Escreve a volta!!!
bjocas
Tânia