A pseudo multa...

Saímos de Meknés, depois do almoço na Praça el-Hedime, em direcção a Fez, onde planeávamos ficar duas noites. Meknés é feia e suja, com prédios construídos desordenadamente e parabólicas em todo o lado. A saída é caótica: uma estrada com duas faixas em cada sentido, semáforos atrás de semáforos, carros, camiões, carroças, burros e peões à mistura. Imagine-se um IC19 com todo este rol de transeuntes... E lá seguimos nós, em fila, na faixa mais à esquerda, atrás de uma carrinha alta e grande. O pára-arranca devido aos semáforos era uma constante e, enquanto estávamos parados num semáforo, vimos um polícia a atravessar a estrada para o nosso lado e a fazer-nos sinal para encostarmos. Aguardámos que o sinal abrisse e andámos uns 7 ou 8 metros até ao local onde o agente se encontrava. Segundo o senhor, tínhamos passado o vermelho no semáforo anterior... Alegámos que se a carrinha que vinha à nossa frente passou o verde, nós, na pior das hipóteses, passámos o amarelo. Insistimos que não nos tínhamos apercebido que tivéssemos passado o vermelho e ele insistiu que sim. A multa seriam 400 dirhams (cerca de 40 euros). Como estava muito calor e a discussão acesa, o agente sugeriu continuar a conversa debaixo de uma árvore do outro lado da estrada, e logo colocou a questão: "et maintenant, qu'est-ce qu'on va faire...?" De imediato deu a resposta: "Pagam 100 dirhams e vão à vossa vida". E assim foi, em vez de 400 dirhams para o estado, 100 dirhams para os dois agentes que ali estavam de serviço. É assim que trabalham os polícias (mal pagos, é certo) num país cuja principal actividade económica é o turismo: abordam os turistas, espetam-lhes com uma multa por um motivo pouco ou nada convincente e fazem-lhes um desconto de 75%...

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